domingo, 31 de janeiro de 2010

UM LUGAR CHAMADO RONCADOR

.





.

um lugar chamado roncador
marcos quinan



1 - ausência
(marco antonio quinan / eudes fraga / marcos quinan)
jean garfunkel

2 - breganha
(eudes fraga / marcos quinan)
eudes fraga

3 – marias
(eudes fraga / marcos quinan)
zé alexandre

4 – vem do teu olhar
(camilo delduque / sérgio souto / marcos quinan)
dina leia

5 - um lugar chamado roncador
(marcos quinan / eudes fraga / paulo césar pinheiro)
vital lima e daniela lasalvia

6 – canto de bom entôo
(eudes fraga / marcos quinan)
mário mesquita e marcus brito

7 – lembrando eurídice
(fernando carvalho / marcos quinan)
kay Lyra

8 – morro imaginário
(marcos quinan / eudes fraga / chico sena)
renato braz

9 - renda branca
(nilson chaves / marcos quinan)
eudes fraga

10 – relógio velho
(marcos quinan / paulo fraga / eudes fraga)
zé luís mazziotti

11 – rio branco
(enrico di micelli / marcos quinan)
simone almeida e eudes fraga

12 – seu rufino
(eudes fraga / marcos quinan)
paulo façanha

13 - relógio da saudade
(marcos quinan / antonio vicente mendes maciel)
francesca ancarola

14 - maracatutando
(eudes fraga / marcos quinan)
edmar gonçalves

15 - são gonzaga do baião
(eudes fraga / marcos quinan)
waldonys e eudes fraga



ficha técnica:

arranjos de fernando merlino; exceto breganha de fernando merlino, eudes fraga e pantico rocha

produção e direção musical: eudes fraga

desenhos: marina quinan

projeto e produção gráfica: marcelo quinan

gravado no ano de 2005, nos estúdios:

estúdio mills – rj - por clower curtis e yuri eiras

in sonoris causa – sp - por cuca nabar

stúdio planeta- ce - por airton montezuma / antônio correia / tim fonteles e junior colares

midas amazon stúdio – pa - por luiz pardal e jacinto kahwage

mixado e masterizado no stúdio planeta – ce - por: airton montezuma

produção fonográfica: qrc – cnpj 05024906/0001-60 – av presidente vargas, 351 – sala 501
fone: 91 3225 11 67 - centro – belém-pará - cep 66010 000

e.mail: marcosladodedentro@gmail.com





em canto de bom entôo milmente...
eudes fraga na culatra e no junto, há de sempre...
fernando merlino valedor, tangendo pois desassombrado...
marco antonio quinan doidado de mundo, no muito, convindo...
antonio vicente mendes maciel – antonio dos mares, penitente, conselheiro - numa todas orações, santigando...
nilson chaves irmão de floresta e rio, meu parente mormente...
sérgio souto por todos nós, no em si, sustendo...
camilo delduque em vôo todo; maneira maior de passarim...
enrico di micelli galope feito ventando, assomado...
paulo césar pinheiro vaqueiro-mestre-brasileiro, maiormente...
chico sena fazendo visagem sas outras margens...
paulo fraga contando as horas todas, sobrevendo...
fernando carvalho alembrando eurídice para lembrar vinícius, assaz...
marcelo quinan boi e boiada inteira, maismente...
marina quinan alvando declarados sonhos, sonhosa...
o dia nascendo claro no aboio de jean garfunkel, francesca ancarola, dina leia, waldonys, vital lima, daniela lasalvia, paulo façanha, zé alexandre, mário mesquita, simone almeida, marcus brito, renato braz, kay lyra, edmar gonçalves e zé luís mazziotti...
vozes abertas em bom entôo que roberto stepheson, pantico rocha, marcelo mariano, ocello mendonça, pedro amorim, tarcísio sardinha, reno saraiva; dadivando em volta faz bom ressôo...
gente que anda em junto e passa pelo roncador num encanto...
que é teu henrique pereira alves, peão-vaqueiro-seguidor...
arreceba apois...

mq



.



1 - ausência
(marco antonio quinan / eudes fraga / marcos quinan)

jean garfunkel – voz
fernando merlino – piano elétrico
pantico rocha – bateria
marcelo mariano – baixo
ocello mendonça - cello


fechem as cores
apaguem as luzes
e amordacem os vaga-lumes
cubram as ruas e os anfiteatros
ponham as casas nos porões
e cubram com escuridão
juntem sol, lua, estrelas
e amarrem feito uma trouxa
com as pontas do céu
deixem o céu ao próprio léu
fechem as nascentes dos rios
o centro, os templos
a periferia, o tempo
escondam a cidade
e os remédios sabidos
façam o que digo e me tragam
um coma induzido
meu único abrigo
até tua chegada
meu amor


.



2 - breganha
(eudes fraga / marcos quinan)

eudes fraga – vozes e violão de 12
pantico rocha – percussão
roberto stepheson – flautas


pareceu agora na minha lembrança
um caso do diabo que se assucedeu... muitos ano atrais
lá nas beira do rio do braço
rosinha ruim dos peito nem ia iscapá
famia tudo avisado, a mãe, as irmãs, as tia
puxava reza, fazia promessa
era uma consumição vê ela daquele jeito
benzedô num dava jeito, dotô só balangava a cabeça desacorçoado
eu no meu canto me apegava com pai de todos e nada
foi aí que resorvi chama o dêmo e fazê breganha, fazê breganha
vida de rosinha pra cá, arma pecadora pra lá
foi como se o coisa ruim tivesse esperando
de repente rosinha miora, fica boa que muitos dotô num acreditava
vinha de longe pra vê
eu isperando o rabudo cobrá o trato
numa tremedeira nem durmino tavo
quando num relance apariceu o vermelhão, o ronca quente, capeta no duro
pele caroquenta e chifão afiado
- vim te busca - agora num vô
- trato é trato - tem que isperá
- vou te levá - num sei se vô
- ôce trato tem que pagá
dispois de muita discussão o gramulhão intestô
e bufando veio pra riba de mim
iêu num devorteio garrei o rabo dele e dei um nó
o bichão saiu pulando, xingando ofendido
era raiva do dêmo pra tudo que é lado
o feioso nunca mais vortô
iêu num temo a morte pur sê coisa certa
mais arma minha na rezança do céu, vai aparecê não
pareceu agora na minha lembrança...


.



3 - marias
(eudes fraga / marcos quinan)

zé alexandre - voz
eudes fraga – coro
fernando merlino – piano elétrico
pedro amorim – bandolim


maria da graça
maria das dores
castiga os lugares
vazios de amor
maria sem graça
maria sem dor
desfaça os desertos
maria do amor
maria do mundo
maria no fundo
de claras suplicas
onde mora a flor
maria da noite
maria que nega
o tinto das farsas
com tanto ardor
maria que espera
maria que expõe
meandros da guerra
no templo das mãos
maria que peca
maria que luta
maria do povo
maria do perdão
no meu coração

.


4 - vem do teu olhar
(camilo delduque / sérgio souto / marcos quinan)

dina leia – voz
fernando merlino – piano elétrico
fernando carvalho – violão de 12
pedro amorim - bandolim


vem do teu olhar
o azul deste rio de paixão
que vou navegar
com a sorte perdida nas mãos
refazendo caminhos abertos
num azul que é tão longe e tão perto
algemando no remo a razão
recompondo o destino
tem no teu olhar
o brilho encantado da constelação
que não conta o rumo da margem
só aponta para a imensidão
meu coração revira o mar
que o destino atravessa
um pedaço de amor
naufragado na luz da ilusão
vem do teu olhar...


.


5 - um lugar chamado roncador
(marcos quinan / eudes fraga / paulo césar pinheiro)

vital lima e daniela lasalvia - vozes
fernando merlino – piano elétrico
pedro amorim – bandolim


nosso amor foi jurado num calafrio
foi derramado vela e pavio
num arruado beira rio
lugar chamado roncador
vela queimou cera escorreu
pavio se enterrou
e lá brotou daquele breu
a mais bonita flor
quem passa ali
quem vê se abrir à branca flor
não sabe nem que foi
o gen do nosso amor
seu perfume bóia no ar
é embriagador
esse aroma quem aspirar
fica namorador
pétala branca ramo lilás
pólen de rubra cor
quem toca nela não sabe mais
mágoa, tristeza ou dor
quem passa ali
quem vê se abrir à branca flor
não sabe nem que foi
o gen do nosso amor
virou lenda aquele lugar
todo mundo vai ver a flor
flor que faz se apaixonar tem no roncador
vela queimou cera escorreu
pavio se enterrou
e lá brotou daquele breu
a mais bonita flor
virou lenda aquele lugar
todo mundo vai ver a flor
flor que faz se apaixonar tem no roncador
seu perfume bóia no ar
é embriagador
esse aroma quem aspirar fica namorador
faz canção, vira compositor
fica mais sedutor
planta em seu coração
nosso amor

.


6 - canto de bom entôo
(eudes fraga / marcos quinan)

mário mesquita e marcus brito – vozes
fernando merlino – piano elétrico
pantico rocha – bateria
marcelo mariano – baixo
roberto stepheson – flautas
fernando carvalho – violão de 12


no rumo que o vento venta
em canto de bom entôo
o dia nascendo claro
nas patas, um quase vôo
distância amolando a pressa
anseio que abençôo
de longe vou rompendo tempo
na saudade que remôo
cavalo aponta as ventas
rama fazendo entravo
roca rangendo tempo
cascos caminho cravo
sustendo esse afogueio
pelo destino que dôo
tramela abrindo porta
em volta faz bom ressôo
amor, sina tirana
encanto de bom entôo
querência que a gente não enjoa
amor que vem amor
amor que voa


.



7 - lembrando eurídice
(fernando carvalho / marcos quinan)

kay lyra – voz
fernando merlino – piano elétrico
reno saraiva - acordeom


são de solidão
meu amor
os versos no violão
que fiz, lembrando
só nós dois
contam nossa paixão
meu amor
na canção que a lua
nua segue lá do céu
nossa história calando
a madrugada
eras tão minha
e eu só teu
foi quando a dor
me enlaçou
mas meu amor não morreu
não morreu
vive vagando em mim
e nas noites
que o luar abraça
acompanhando esta canção


.


8 - morro imaginário
(marcos quinan / eudes fraga / chico sena)

renato braz – voz
fernando merlino – piano elétrico
pantico rocha – bateria
marcelo mariano – baixo
ocello mendonça - cello
incidental – bolero de ravel


bem em frente a minha casa
entre muros solitários
tem um morro imaginário
que cativa o meu olhar
ele só me vem de noite
sob a luz da lua mansa
feito sonho de criança
que navega pelo céu, pelo ar


.


9 - renda branca
(nilson chaves / marcos quinan)

eudes fraga – vozes
fernando merlino – piano elétrico
pantico rocha – bateria
marcelo mariano – baixo
roberto stepheson – flauta
fernando carvalho – violão de 12


por entre as folhas
a renda branca
veste o mormaço
que o húmus transpira
na terra que bruscamente
chega ao mar
e o mar sereno que seduz as praias
em véu de espuma se instila
cobrindo o braço de terra
que tenta abraçar
respingando a água salgada
na renda branca
que a aranha negra
fez pra morar
indignada levando
o novelo no ventre
vai tecer sua casa longe do mar
neste exato momento
o computador recebe
a fotografia que o satélite
tirou do lugar
encoberto de nuvens
como a renda branca
que a aranha negra
leva no ventre
para tecer, tecer no ar
momento dos seres vivendo
o tempo no instante em que o instante
se equilibra na harmonia
daquele lugar


.


10 – relógio velho
(marcos quinan / paulo fraga / eudes fraga)

zé luís mazziotti – voz
fernando merlino – piano elétrico
roberto stepheson – flauta
ocello mendonça - cello


sonhos, alegrias
tudo passa
noites, longos dias
até a dor
o que não passa
é o meu amor
hoje eu sei que o tempo é lei
e que o tempo passa, eu sei
o que não passa
é o meu amor
vento, estrela-guia
tudo passa
sol, melancolia
até o desamor
o que não passa
é o meu amor
passa a vida
passa o que eu sonhei
nossa história
tudo que chorei
o que não passa
é o meu amor
luas, nostalgia
tudo passa
e quem sabe um dia
tu passarás também
o que não passa
é o meu amor


.


11 - rio branco
(enrico di miceli / marcos quinan)

simone almeida – voz
eudes fraga - voz
fernando merlino – piano elétrico
pantico rocha – bateria e percussão
marcelo mariano – baixo
roberto stepheson – flauta
ocello mendonça - cello


um rio medido
em sinais de maternidade
decerto uma reunião
de parteiras na sombra
da gameleira
combinando aparar
raimundos para o mundo
um rio medido
em sinais de maternidade
decerto a união
da seiva das mãos
com a casca de seringueira
combinando separar
os seres da servidão
um rio medido
em sinais de maternidade
cantando o profundo
de sua história
ventre e vertente
do seu povo
escolhendo a nação
um rio medido
põe-se em meus olhos
acreando meu coração
em cada curva
a saudade judia
trançando sua falta
nas notas dessa canção


.


12 – seu rufino
(eudes fraga / marcos quinan)

paulo façanha – voz
eudes fraga - coro
fernando merlino – piano elétrico
pantico rocha – bateria e percussão
marcelo mariano – baixo
reno saraiva - acordeom


quando o ser nasceu
macuco pousou na copa
e o ar silenciou
quando o ser nasceu
o grito que ele deu
pela boca de um passante
foi rufo de um rufino
lambendo a escondição
o verbo irreverente
gemendo um apagão
no céu o preto se pôs
de susto, invocação
tremeu o mato verde
pulou os rios do chão
e o ato virou fato
amarrado fora das mãos
e o canto desse jitinho
acochou a imensidão
a história de macunaima
resvalou sem atenção
quando o ser nasceu
macuco pousou na copa
e o ar silenciou
quando o ser nasceu
cortou o mapa da raça
plantando uma nova nação
nas raízes de roraima
nos gritos de um pregão
o rufo de seu rufino
ressoou pelo desvão
trincou os ferros armados
da altura caiu cordão
o rufo de seu rufino
estalou feito carvão
lançou língua, mão de laço
reformou toda a ação
o rufo de seu rufino
fez brilho de zelação
remunhou pelos caminhos
colhendo outras canções


.


13 - relógio da saudade
(marcos quinan / antônio vicente mendes maciel)

francesca ancarola – voz
fernando merlino – piano elétrico
roberto stepheson – sax soprano


o relógio da saudade
anda suspenso nas horas
só quem não ama não sente
quando seu bem vai embora
quando meu bem me visita
se estou doente melhoro
repito a mesma doença
quando meu bem vai embora
minuto parece hora
hora parece dia
dia parece ano
quando meu bem vai embora


.


14 - maracatutando
(eudes fraga / marcos quinan)

edmar gonçalves – voz
eudes fraga - coro
fernando merlino – piano elétrico
roberto stepheson – flautas
tarcísio sardinha – cavaquinho
música incidental:
maracatu vozes da áfrica “25 anos de glória”
de descartes gadelha e inês mapurunga



risos com prazer
corpos sem tristeza
preto brilhante
abstrata beleza
no meu olhar
alegria abrandando
tanta verdade
maracatu
vejo passar
dor nas cores
cor das dores
quanta saudade
maracatutando
numa vibração profunda
maracatu chegou rodopiando
índios, negros e calungas
dor nas cores
cor das dores
o meu coração é um tambor
maracatutando
onde ele for eu também vou
maracatutando
oiá, oiá, ê ô...


.


15 - são gonzaga
(eudes fraga / marcos quinan)

waldonys – voz e acordeom
eudes fraga – voz
fernando merlino – piano elétrico
pantico rocha – bateria
marcelo mariano – baixo
roberto stepheson – sax soprano
fernando carvalho – violão de 12


em qualquer pé de serra
que se encontre o sertão
nenhum fole fala baixo
nenhum fole cala não
quando prega conselheiro
quando reza são rumão
quando canta cangaceiro
congregando lampião
quando toca sanfoneiro
ninguém se agüenta não
salve a zabumba no sertão troando
salve o fole no forró resfolegando
salve seu gonzaga lá no céu mostrando
como é que se dança o baião
salve o abôio do seu canto embalando
é xote é xaxado é galope embolando
abençoado quem te viu cantando
oh meu são gonzaga do baião
em qualquer pé de serra
que se encontre o sertão
há de sempre um vaqueiro
honrando o seu gibão
aboiar o ano inteiro
em gestos de contrição
há de sempre sem receio
seguindo frei damião
o povo juntar inteiro
e lutar pelo seu chão
salve a zabumba no sertão troando
salve o fole no forró resfolegando
salve seu gonzaga lá no céu mostrando
como é que se dança o baião
salve o abôio do seu canto embalando
é xote é xaxado é galope embolando
abençoado quem te viu cantando
oh meu são gonzaga do baião
baião... baião...


.